quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

70 dias fora da Ribeira - Parte II ( 2º Delivery )




Terminado o primeiro delivery peguei um avião no Rio de Janeiro e fui para Porto Alegre visitar familiares e amigos. Fazia mais de dois anos que não tinha oportunidade de ir ao sul e o proprietário do próximo barco a ser transportado também vivia ali. Ao chegar na capital dos Gaúchos descobri que a maioria dos meus familiares havia viajado a Florianópolis para passar a festas de final de ano. Três dias após viajei de Porto Alegre para lá já que o meu tempo era curto e tinha passagem para Boa Vista comprada justo no dia do Natal. A idéia era chegar a Trinidad and Tobago cruzando a Venezuela por terra desde Boa vista e chegar ao porto de Guíria onde tomaríamos um ferry para cruzar o Golfo de Pária até Chaguaramas, Trinidad onde estava o próximo veleiro a ser transportado. Passei o Natal com parte da família e voei de Florianópolis para São Paulo onde me encontrei o com proprietário do veleiro. Daí tomamos juntos um avião para Boa Vista. Chegamos as 03 hs da manhã em Boa Vista onde pudemos conhecer a ultima tripulante que também iria participar da travessia e tinha tomado um outro avião desde São Paulo . Com a tripulação completa tomamos um taxi até a cidade de Santa Elena de Uairen, na Venezuela. O motorista cumpriu os pouco mais de 200 km dormindo ao volante a mais 130 km/hora. Depois de muita tensão e uma parada para um café chegamos ao amanhecer a fronteira. Fizemos a emigração e seguimos até o centro da cidade onde tomamos um outro taxi até a cidade de Tumeremo onde pernoitamos em um hotel de quinta categoria. No outro dia cedo tomamos um terceiro taxi para seguir até Ciudad Guayana .Lá buscamos um outro taxi que nos levou diretamente a Guíria. Em total fizemos 1500 km cortando a Venezuela de Sul a Norte. Não precisa dizer que os taxis não tem taxímetro e muito menos alguma indicação de que sejam taxis. O preço é combinado com o proprietário um pouco antes da partida. Como a gasolina é super barata para eles compensa e para nós não saiu tão caro. O problema é o estilo de pilotar dos venezuelanos. No mínimo a 130 km/ hora em estradas mal sinalizadas e com a mata tomando conta do que foi um dia um acostamento. Depois do susto com o primeiro motorista, já combinava, também a velocidade máxima que nos gostaríamos de viajar. Depois de 4 dias de viagem pela Venezuela chegamos finalmente ao Porto de Guíria onde no outro dia a tarde cruzamos o Golfo de Paria rumo a Trinidad and Tobabo. Foram duas horas de travessia para cumprir pouco mais de 40 milhas náuticas. Desta iria ajudar um amigo a levar seu Trinidad 37 de volta ao Brasil. O barco esta aqui pelo Caribe desde 1995 onde seu ex-proprietário desfrutava de velejadas durante o seu tempo livre. Meu amigo já o comprou abandonado aqui na Peake, uma das marinas de Chaguaramas com idéia de reformá-lo . O tempo foi passando e desde que o conheci aqui em Trinidad em 2007 o barco segue em seco esperando pelas reformas que faltam. Desta vez viemos dispostos a colocá-lo na água , fazer uns testes e se tudo estiver a contento, seguir para o Brasil pela costa . Começamos a trabalhar no dia seguinte a nossa chegada e passados 10 dias de trabalho o barco finalmente foi batizado na água novamente depois de muito tempo em seco. Fizemos um teste com o motor que apresentou alguns vazamentos mas nada grave. Os dias seguintes foram sempre de trabalhos no barco, seguidos de testes de vela-estaiamento com uma velejada de algumas horas pelo Golfo de Paria. Depois de apresentar varios pequenos problemas o proprietário achou mais prudente adiar a velejada de volta ao Brasil e colocamos o barco no seco novamente para trocar o  estaiamento e esperar o póoximo ano para então voltar ao Brasil. Da minha parte mais uma missão cumprida e dois dias após retornei a Ribeira Adventure Club depois de mais de 70 dias fora.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Setenta dias fora da Ribeira e mais dois deliverys para meu currículo


Com a crise da Europa afetando a vida global, a Ribeira Adventure Club não ficou de fora. Especialmente nós que recebemos principalmente velejadores Europeus. A saída é buscar a vida em outros lados. Por conta disto fui fazer o que mais gosto: TRANSPORTAR EMBARCAÇÕES A VELA ( Delivery´s Boats ).


O primeiro foi um Samoa 29 de nomeTaranis que estava em Salvador-BA e foi vendido para Rio das Ostras-RJ. Deixei a Ribeira Adventure Club  em 11 de novembro de 2011 , um dia depois do meu aniversário com destino a Salvador-BA  deixando mais uma vez a Concita a frente dos trabalhos na Ribeira. O que era para ser um trabalho de 12 dias no máximo se prorrogou por longos 39 dias. O Taranis estava a muito tempo parado e por conta disto tinha vários problemas para serem sanados antes de se fazer ao mar. Passei os primeiros 10 dias no Saco da Ribeira em Salvador somente tentado colocar o barco em condições. No check-list que fiz no dia 11Nov11 constatei 30 itens que precisava ser sanados ou providenciados para poder zarpar. Este é um dos principais problemas desta profissão. 99% dos Veleiros não navegam ou navegam muito pouco, ficando abandonados em marinas se deteriorando ao sabor do tempo. A maioria destes também não estão preparados minimamente para fazer uma travessia oceânica mesmo que costeira. Outro problema muito comum, também, é que os proprietários normalmente não tem conhecimento e muito menos querem gastar suas economias em questões de segurança. Para eles, os seus barquinhos estão sempre aptos a singrar os mares e você passa por um despreparado e oportunista querendo lhes tirar dinheiro. Terminei zarpando de Salvador no domingo, dia 20Nov11 com mais 02 tripulantes pagos que consegui através da internet e um amigo do novo proprietário do barco. Ao ligar o motor consertado a pouco menos de dois dias a primeira surpresa: o motor não arranca. Depois de ligar ao mecânico e esperar mais de duas horas sem ele aparecer, resolvi meter a mão e ver o que estava acontecendo. Descobri que o problema inicial não tinha sido resolvido. Entrava agua salgada pela mufla para dentro do cilindro. Resolvi o problema de forma paliativa e seguimos rumo sul. Com 7 horas de travessia estávamos quase na altura de Morro de São Paulo.Já havia anoitecido e o vento se mantinha de sul. Depois de consultar a tripulação, democraticamente decidimos entrar em Morro de São Paulo para pernoitar. O motor mesmo funcionando vibrava muito e além disso com os seus escassos 10 HP não rendia quase nada no mar aberto me fazendo ficar preocupado. Muitos problemas enfrentados de toda ordem, depois de 39 dias e arribar em Camamu-BA, Ilhéus-BA, Abrolhos-BA, Caravelas-BA, Barra do Riacho-ES, Vitória-ES, Marataízes-ES e finalmente Rio das Ostras-RJ, finalmente entreguei o Taranis são e salvo ao seu novo proprietário.