sábado, 30 de julho de 2011

Delivery Boat - Porto de Leixões/Portugal a Casablanca/Marrocos

O mundo é pequeno e aqueles que navegam percebem isto mais do que ninguém. E entre 2007-2009 quando estive perambulando pelo Caribe com o Tritton conheci  Kazumi, um Japones-Portugues-Brasileiro que tambem vivia a bordo de um veleiro. Juntamente com outro Paulista perdido por ali formamos o trio " Ralé do cais do Porto".  Erámos , sem dúvida os mais pobres velejadores daquelas paragens. O tempo passou, o mundo deu algumas voltas e velha expressão deu as caras novamente. Recém chegado de uma travessia que me afastou da Ribeira por quatro meses, em uma manhã de Junho recebi um email do aflito Kazumi desde Leixões, Portugal. Estava em apuros por lá devido a problemas com seu passaporte vencido e a falta de habilitação para estar singrando mares como vem fazendo a mais de 7 anos. Precisava urgente de alguém com habilitação de Capitão para lhe tirar do apuro. Lá vou eu novamente para o mar, desta vez para socorrer um amigo de sempre. Um dos três dar Ralé do Cais do Porto estava em apuros. Como já havia deixado minha companheira Concita sozinha na Ribeira por um tempo largo, resolvi levá-la junto. Embarcamos para Lisboa e dai de trem chegamos ao norte de Portugal, mais precisamente em porto Leixões. Mais de três anos sem ver a figura, chegando lá fomos direto a um bar para comemorar o reencontro. Lá entre copos do bom vinho Português ele me contou detalhes dos últimos acontecimentos.Fazia tempo já que não tinha seus documentos em ordem. Perdeu nas andanças pelo Caribe- Brasil-Africa e ao arribar ao porto de Leixões para consertar um problema elétrico foi apreendido por portar pasaporte vencido ( ele e a amiga) e não possuir habilitação para navegar ( nenhuma mesmo). Os dias que se passaram entre vir um documento me autorizando a velejar o Benneteau Oceanis 39 de bandeira Espanhola de um amigo dele até Brasil foram preenchidos com passeios gastronomicos pelos restaurantes de Leixões e a cidade do Porto . Foram 15 dias provando os mais variados pratos da culinária Portuguesa  regado a muito vinho.Numa segunda feira ventosa zarpamos com destino a Brasil com escala prevista para Mindelo, Cabo Verde antes de empreender a travessia do Atlântico. Com ventos fortes de norte fomos avançando somente com a genoa rizada interrompidos a cada tempo pelo alarme do piloto elétrico que desarmava cada vez que uma onda maior atingia o barco por sua aleta de boreste. O veleiro de " Marina" não estava preparado para grandes travessias. A mestra apesar de ter 03 rizos, todos eles eram insuficientes para enfrentar os fortes ventos de norte que soprava neste verão europeu. Não tínhamos outra alternativa se não usar a genoa enrrolada a menos de 30% e ainda assim enfrentar o stress de ter o piloto desarmando a cada instante. O barco seguia rumo sul a cerca de 15 milhas da costa de Portugal a um ritmo de 130 milhas/dia devido ao mar que se encontrava bastante grande. No quinto dia pela manhã depois de passar um noite horrível com ventos de 40 nós e mar de 4 metros. Pela manhã resolvi inspecionar o barco atras de alguma sequela da noite passada. Qual não foi a minha surpresa quando vi o eixo do leme sambando e borbulhando agua cada vez que o veleiro adernava no seu balanço natural nesta empopada desde Portugal. Estavamos a 120 milhas da costa de Marrocos neste momento e depois de uma rápida reunião entre eu e o Kazumi consegui convence-lo a arribar imediatamente em Casablanca, o porto mais próximo. Com o coração na mão e checando a cada tanto fomos avançando a 4,5 nós encurtando distancia entre a eminencia de afundar e o porto de Casablanca. Felismente depois de pouco mais de 24 horas após entravamos contentes no porto de Casablanca ainda flutuando. Termina aqui mais um delivery boat cheio de grandes emoções como deve ser uma ida ao mar.