O tempo passa rápido e hoje, 28 de dezembro de 2010 completo um ano aqui na Paraíba. Se nós tivéssemos como prever o futuro, tudo, a meu ver perderia a graça. Somente na minha terceira passagem por aqui já com mais de 5 anos velejando entre costa do Brasil, Costa nordeste-norte da America do Sul e Caribe pude ver com os outros olhos a Paraíba. Na primeira vez, quando ainda não conhecia sequer o Nordeste e aportei em Cabedelo, vindo de Fernando de Noronha, tinha somente um objetivo na minha mente: Comprar o meu veleiro para poder seguir no meu plano de ficar pelo menos um ano vivendo a bordo. A Paraíba para mim se resumiu a curtir a festa de confraternização no então Iate Clube da Paraiba, confraternizar com os outros velejadores e organizar o Antares para rumar para Ubatuba onde ele seria entregue ao proprietário. Na segunda oportunidade em que arribei foi vindo de Salvador com destino ao Caribe, velejando no meu próprio veleiro, o Tritton ( Brasília 32) que havia adquirido com meu próprio esforço. Também desta vez a Paraíba foi apenas uma parada para curtir. Cheguei aqui trazendo uma tripulante Paraibana e com a ajuda dela pude conhecer melhor o litoral e outros aspectos da Região mas ainda sem despertar nenhum um sentimento mais profundo. Na terceira e derradeira parada em 28.12.2010 foi diferente, algo já havia mudado dentro de mim. Meu sonho de viver a bordo de um veleiro já havia se concretizado além das expectativas. Velejava rumo sul com outro pensamento. Uma etapa de minha vida já havia terminado e neste momento buscava suporte para uma outra etapa que vinha se desenhando na minha mente. Precisava pela primeira vez colocar o pé em terra, me organizar, ganhar fôlego para empreender novos desafios. Depois da experiência de navegar mais de 15 mil milhas desde que deixei Porto Alegre em jul-2005 sempre com poucos recursos financeiros, estava cansado de ter que matar um leão a cada dia para manter o meu sonho. Então, nesta última parada aqui na Paraíba tinha além da questão básica da sobrevivência um olhar voltado para novas oportunidades que não fossem somente para seguir flutuando ao sabor dos acontecimentos. Tinha em mãos uma nova habilitação e entre outras possibilidades buscava um trabalho como Moço de Convés ( STCW 78 - ordinary seaman). Buscava um trabalho como profissional em alguma embarcação comercial para poder aos poucos injetar algum dinheiro no meu valente companheiro de aventuras , o Tritton (Brasilia 32 ) que estava cada vez mais sucateado. Com uma semana ancorado na praia fluvial do Jacaré já tinha feito varios contatos e foi quando surgiu meu primeiro trabalho como profissional. Comecei a trabalhar em um catamaram de passeio de 60 pés e capacidade para até 180 passageiros. O barco estava em fase final de construção , faltando ainda vários itens para ganhar a licença da capitania dos portos. A história não foi muito adiante pois o armador estava quebrado e totalmente sujo na praça. Foi neste período que descanso forçado que descobri a apenas uma milha de onde estava a Ribeira. Foi desta forma que meu destino deu uma virada e terminei transformando a Paraíba no meu porto principal em 01Abr10.